17 Mar 2015

Living in ecstasy. Literalmente, ou não.

Não costumo ler muitos livros. Não costumo gostar de muitos livros. Provavelmente, devia-me obrigar a ler mais, afinal, é quase como levar o nosso vocabulário ao ginásio para ele aumentar ligeiramente de volume. Ler em inglês pode ser um pequeno desafio para um não nativo, especialmente se o autor for de Manchester e se explicar de uma forma muito peculiar. Shaun Ryder. É dele que estou a falar. É vocalista de uma das bandas do movimento "Madchester", o mesmo que trouxe até nós nomes como New Order, A Certain Ratio, Joy Division ou Stone Roses. A moda de se publicar biografias satisfaz os desejos de algumas mentes mais voyeuristas, tal como a minha. Foi talvez isso que me levou a comprar este livro — sim, até porque o tive de procurar activamente pelos meios online. Nesta história, Shaun Ryder é uma personagem enigmática. Ele pratica pequenos roubos enquanto adolescente, tem experiências do outro mundo com drogas, muitas das quais nem o próprio ainda tinha ouvido falar, e acaba mesmo por fundar uma banda sem saber uma nota de música. Brilhante. A cadência dos acontecimentos relatados neste livro faz-me pensar que o comum mortal nunca irá ter uma vida tão interessante como a deste homem que durante anos foi apenas um corpo que emitia vozes e se movia a drogas de todos os pesos e gramagens. Hoje, é um homem casado, com filhos, e continua a dar concertos com os Happy Mondays. A música continua a soar como sempre soou, dá vontade de dançar, fazer um duck face e abanar a cabeça. O que é bom. Este livro entrou directamente para o Top 5 dos meus livros preferidos e não deve sair de lá tão depressa. Espero que evolua para filme em breve. O que, como tudo neste livro, parece improvável de acontecer. Improvável, mas não impossível.