8 Nov 2013
The time is now.
Toda a gente tem um dia da semana preferido. Como - de forma natural e ligeiramente hipsteriana - não sigo muito as tendências, costumo dizer que é a terça-feira em vez de sexta-feira. E por acaso, até é verdade. Não há melhor sensação do que uma pessoa se sentir finalmente livre da segunda-feira e de estar tão próximo do meio caminho - que é a quarta-feira. Mas numa coisa tenho de concordar com os fãs de sextas-feiras. Este é o momento mágico, por volta das 7 da tarde em que tudo se transforma à nossa volta. Tudo se torna incrível e raro. É aquele momento em que as nossas mentes se invadem por possíveis planos para a noite. Ficar em casa a ver a Casa dos Segredos e comer noodles ao mesmo tempo ou ir beber copos até cair num bar decadente qualquer? Tudo parece ganhar uma nova magia. Ir ao ginásio? Não, a adrenalina que se sente (que pelo menos eu sinto) na sexta-feira ao final da tarde não aponta para sítios onde se façam coisas saudáveis para o corpo ou para a mente. Tenho a certeza que toda a gente sente isto, da mesma forma que alguém se sente terrivelmente frustrado quando sai de manhã de casa com uma nódoa de pasta de dentes. Sim, a sexta-feira é excitante, caso contrário não haveriam mais posts sobre sexta-feiras do que posts sobre a Scarlett Johansson. Sim, é terrivelmente excitante. Talvez não seja por acaso que a abreviatura de sexta-feira seja sex. Inserir frase sobre final de texto abrupto e nonsense aqui.
Finanças equilibradas é isto.
Tenho um cartão multibanco com banda magnética rasgada e outro com o chip avariado.
14 Oct 2013
Domingo não é bem o meu dia D.
É normal as pessoas se sentirem mais nostálgicas ao Domingo? A mim acontece-me isso desde que me lembro de ser humano. Ontem não foi excepção. É Outubro, o Verão parece que se despede em ritmo de fade out de uma música de Barry Manilow, as folhas caem, enfim, é a metamorfose entre estações que inspira songwriters aborrecidos, há mais de meio século.
Ontem, depois de me aperceber que faltavam alguns víveres em casa, e porque o supermercado mais próximo fica a mais de 3 km de casa, tomei a eco orientada decisão de ir pelo meu próprio pé, deixando o carro a guardar um daqueles lugares que classificaria como raro que nem uma discoteca com música de jeito em Lisboa, um pedaço de planeta em calçada portuguesa que provavelmente iria satisfazer domingueiros ávidos de bons sítios para parquear as suas armas de desaceleração massiva. Sim, era um dos bons.
Quando estava a voltar para casa, decidi tomar outra rota e passar pela minha antiga escola secundária. E man, como aquilo me bateu forte cá dentro! (esta última frase podia ser uma citação de alguém que esteve dentro da Casa dos Segredos, mas é apenas o reflexo de como o meu cérebro funciona, ou seja, como um autêntico brutamontes, que reflecte sobre os vários assuntos num português puramente boçal). Apesar da escola estar hoje parcialmente desfigurada graças a uma série de novos pavilhões e ginásios, a base continua lá. E ali estava eu, um homem de 32 anos a olhar para o interior do seu "high school" (o nome faz sentido porque é normalmente o primeiro sítio onde passamos pela experiência de estar "high") ao mesmo tempo que levava uma facada directamente no coração, metaforicamente falando, claro. De repente vieram-me à memória os tempos que ali passei. Foram provavelmente os anos mais intensos da minha vida. A sensação que tinha quando saia de casa é que não ia para a escola, ia sim fazer login numa rede social real, onde quase todos os dias adicionava alguém à minha lista de amigos, onde o meu cérebro recolhia fotografias — que até hoje se mantêm - do que se passava à minha volta. Posso dizer que passei ali bons tempos, conheci muitas pessoas com e sem borbulhas na cara, partilhei músicas, aprendi e ensinei a tocar guitarra, tive bandas com colegas de turma, conduzi motas emprestadas, fumei cigarros, bebi álcool, baldei-me a aulas de educação física sistematicamente e por sorte e até algum mérito nunca precisei de deixar cadeiras para trás. E ali continuei eu, naquela tarde nostálgica de Domingo, a olhar para o relógio digital do ginásio meio a céu-aberto, um relógio que como todos os relógios não parava de contar os minutos e as horas, naquele outrora rotineira morada onde eu, por breves momentos parei e recuei no tempo. Não digo que tenha sido uma experiência de ir às lágrimas, mas, foda-se, a saudade está cá. E quem não sente o mesmo, é porque provavelmente não teve um adolescência como a minha. Sim, foi mais ou menos como um filme americano estúpido passado numa escola secundária em que ecoam músicas de três acordes com guitarras distorcidas.
3 Jan 2013
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