7 Jan 2011
Passa tempo.
Lembro-me da primeira vez que entrei num Starbucks. Não foi em NY, não foi em Londres nem mesmo em Paris. Foi cá, em Alfragide, no Alegro. Sentia-me sempre fascinado quando via a marca Starbucks no Seinfeld, a maneira como falavam dos Frappucinos, Moccacinos e outros cinos, que no fundo são apenas versões mais ou menos kitadas do nosso galaão. Estive lá duas vezes. A magia desfez-se, afinal aquilo não passava de um sítio com mau café (sim, o nosso café é muito bom, dos melhores do mundo segundo os connesseurs), onde as pessoas passam o tempo a fazer de conta que estão muito ocupadas a mexer nos seus laptops e telefones. Mas há uma coisa mágica no Starbucks. Há uma coisa mágica em todos os cafés. É o facto de nos podermos sentar e ficar a olhar para quem passa. Não acham isso mágico? Eu acho. Era capaz de passar horas e horas simplesmente a olhar para as pessoas e a imaginar que histórias escondem. Como se vestem, que atitude têm, a maneira como andam. No fundo, como comunicam propositadamente ou involuntariamente com o mundo. Eu acredito que em cada um de nós há um voyeur. É inegável. Na minha opinião, só isso já explica 80% sucesso das redes sociais. Os outros 20% são o desejo escondido, que é comum a muita gente: "um dia vou para o campo plantar batatas".
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