Basicamente isto vai ser um blog sobre nada. Não haverá assunto melhor?
Bem, mas isto não vai ser um falso começo, e por isso dentro dos assuntos relacionados com o nada, hoje pensei nas pessoas que trabalham em Lisboa e vivem nos arredores. Passam em média duas horas por dia no trânsito (sim, isto é o que eu suponho ser um valor médio, tendo em conta as pessoas que moram em zonas mais perto de Lisboa). Ao fim de um mês de trabalho são 40 horas. Ao fim de 11 meses de trabalho são 440 horas. 440 horas são 18 dias. Ou seja, mais de metade de um mês por ano, as pessoas estão no trânsito. Frustradas, acredito eu.
É incrível tudo o que se pode fazer quando se está no trânsito. Já vi mulheres a maquilharem-se. Já vi homens a cortar as unhas. Já vi pessoas a comer. Comparando com isto tudo, falar ao telemóvel parece-me a coisa mais normal do mundo. Afinal de contas, o que é que distrai mais uma pessoa enquanto está a conduzir? Não devia haver uma legislação um pouco mais abrangente? De certeza que as pessoas que fazem essas leis, nunca estiveram parados no IC19, a olhar para todo o lado à procura de um carro que levasse mais que uma pessoa.
O comboio. Também é um experiência interessante. Nos últimos dois anos passei bastante tempo na fantástica Linha de Sintra (é crime dar nome de uma vila tão bonita a um percurso de comboio tão feio), e também assisti a cenas incríveis. Os comboios são feios, cinzentos e verdes por dentro, os lugares são apertados. Coitadas das pessoas que têm um rabo um pouco maior. Aconteceu-me por mais do que uma vez sentar-me ao lado de uma dessas pessoas. Não é de todo uma experiência agradável, quando o espaço está feito para rabos médios, temos que o partilhar para as pessoas as pessoas que o têm maior. Acontece também termos que partilhar também o jornal com os outros. Não há ninguém que não tente ler, nem que sejam as letras gordas. "Ele tem um jornal. Ele está a fazer qualquer coisa. Eu sou apenas um passageiro que não teve tempo para comprar o jornal ou simplesmente me esqueci ou então não quero ler as notícias porque me estou nas tintas para o que se passa no mundo. Ele não. Ele tem um jornal. Quando sair do comboio vai saber muito mais do que eu." "Mas este gajo quer-me roubar o jornal? Não tem dinheiro para comprar uma merda de jornal? Sai daqui! Não quero partilhar o meu jornal contigo. Não me roubes as letras. Olha para outro lado! Miserável..." A situação mais engraçada deste género que me aconteceu foi estar a ler um livro chamado Porno, que por acaso não tem imagens,mas o nome abria sempre a curiosidade de alguém quando eu tirava da mala. Esse livro é a continuação do Trainspotting - uma actividade a que muita gente se dedica, em especial no Reino Unido. Consiste em ficar numa estação de comboios a olhar para eles o dia inteiro. Acho que apontam as horas a que chegam, ou partem, qualquer coisa do género. Boa maneira de ocupar o tempo. Imagino as coisas que estas pessoas deixam de fazer para se dedicarem a olhar para comboios.
A solução para os residentes sub urbanos é mesmo uma mota. Não gasta muita gasolina, anda bem, há sempre lugar para estacionar... O tempo como está agora ajuda também. Fica aqui a sugestão.
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